
Olhei os degraus à frente, imaginando os olhos do homem à minhas costas. Foram aqueles olhos que me trouxeram ali. Olhos que sorriam maliciosos raios negros. Ao terminar a subida, vi-me num grande espelho. Uma corrente de calor subiu até o rosto,me deixando pêssego maduro. Culpa do olhar que o espelho refletia desejo.
Como aconteceu a primeira transa eu não saberia dizer. Sabia apenas que fora o início de uma inundação que se transformou em rio caudaloso e sôfrego. Meu corpo pedia para ser descoberto por inteiro. O corpo dele queria engolir cada pedaço do meu. Era como se estivéssemos vivendo a nossa primeira vez. De um desejo novo veio o convite. E minha boca sussurrou-o no ouvido do macho. Os olhos escuros, agora quase fechados, me olharam maravilhados. O carinho intensificou-se. Virei sua porcelana rara.
Como a negar-me o desejo, iniciou um passeio úmido e lento por cada pedacinho do meu corpo. Sua boca quente ia me arrancando arrepios e me transformando em gemidos enlouquecidos. Fez uma pausa a me olhar. Pareceu-me séculos de olhos rompendo minha pele. Depois, carinhosamente, me virou e mordeu-me a nuca. Era o macho subjugando a fêmea de forma natural, ancestral. Eu, puro instinto. Ele, rigidez. Todas as censuras estavam mortas. Queria-o inteiro dentro de mim – descobrindo-o e descobrindo-me. A voz rouca enlouquecia meus ouvidos. A boca descendo pelas costas incendiava meus desejos num convite a novas experiências. Irresistível. Em ritmo lento e lascivo meu corpo foi assumindo a posição da cópula animal. Senti a umidade da língua aquecendo-me por trás a parte interna das coxas, subindo e explorando minhas cavidades. O orgasmo veio vulcânico. Era apenas o primeiro da série que se anunciava.
Ao ver-me enlouquecida, ele se fez dono e senhor do meu corpo. A dor me fez gritar. Mas assim como veio arrasando, virou prazer. Era um prazer novo, louco, arrasador. Ali me desmanchei em gozos sucessivos até que o ouvi gritar. Como nunca antes, senti-me senhora dos desejos e do prazer do homem. A menina era uma Mulher.
*img de Jana Vieras
.